História do Surf e do BB  

 

Surf                                                                                        

A palavra surf pode ser encontrada como sendo arrebentação das ondas, espuma ou som das ondas de arrebentação, ressaca. Mais do que isso, entretanto, o surf é um vício, uma terapia do corpo e da mente que faz com que muitos "amantes das ondas" deixem o trabalho por algumas horas pelo simples prazer de cair no mar. Repleto de gírias, modismos e neologismos, o surf há muitos anos deixou de ser uma simples forma de lazer para se tornar uma mania nacional. Tatuagens, parafina no cabelo, brincos e colares de hippies, o surf inventa estilos, difunde conceitos e lança moda. Foi a partir dele, por exemplo, que surgiram gírias tão conhecidas como crowd, point, etc. Até mesmo desportos tão expressivos como o windsurf, o skate e o sandboard (surf nas dunas) surgiram a partir do surf. Surfar hoje em dia é muito mais do que mobilizar centenas de surfistas para correr um campeonato. É criar um estilo próprio de viver e de vestir-se.

A restrita bibliografia sobre o surf aponta o seu surgimento nas Ilhas Polinésias, através dos povos nativos, em virtude da sua própria cultura de subsistência, a pesca. Constantemente tinham que atirar-se ao mar com seus barcos feitos artesanalmente para pescar e, quando voltavam, deslizavam sobre as ondas para chegar mais rápido à terra firme. De acordo com Gutemberg (1989) este ritual acabou tornando-se um hábito entre as civilizações daquela região.
Mais tarde porém, nas ilhas do Havai, o surf começou a ser praticado pelos antigos reis havaianos com pranchas feitas de madeira, extraídas de árvores locais (Rosa, 1996). Os nativos possuíam um ritual religioso para o fabrico das suas pranchas. Uma vez escolhida a árvore, o ritual era iniciado. Colocava-se ao pé do tronco um peixe vermelho chamado kumu e a árvore era cortada. Nas raízes fazia-se um buraco onde, com uma oração, era enterrado o kumu. Em seguida era dado início ao trabalho de modelagem ou shape (forma da prancha); as ferramentas, lascas de pedras e pedaços de coral eram usados até chegar à forma desejada. Com coral granulado (pokaku ouna) e um tipo de pedra bem dura (oahi) era iniciado o trabalho de acabamento para eliminar todas as marcas da fase anterior e tentar alisar a superfície o máximo possível. Com a superfície lisa, eram aplicadas as raízes de uma árvore chamada hili, para dar uma cor negra. Outras substâncias eram utilizadas para impermeabilizar a madeira como forma de encerá-la (Bastos, 1987).
No meio da população nativa havaiana o surf era intimamente ligado às raízes culturais. Ao realizarem determinadas manifestações religiosas, os nativos deixavam oferendas próximas à base dos coqueiros para crescer um outro coqueiro.

Esse ritual fazia parte de uma manifestação cultural aborígene havaiana, expressando agradecimento pelos alimentos fornecidos pelos coqueiros e pelas folhas do pé de coco na construção dos telhados das moradas e para propiciar o surf.
Era um ritual festivo, onde os chefes agradeciam aos deuses as farturas do mar, das ondas e os prazeres de brincar nas suas águas. Alguns indícios apontam 1500 anos atrás como sendo o período em que os polinésios desciam as ondas com pranchas de surf feitas de tábuas de madeirite (compensado dos navios ingleses). Como no Havai, o surf na Polinésia estava associado às raízes religiosas, culturais e de algum modo, sociais (Farias, 1995).
As raízes culturais do surf, através do ritualismo, impunham aos nativos uma determinada hierarquia de prática. Aos reis e suas proles era permitido surfar na posição de pé. As pranchas maiores eram denominadas de alla. Tinham sete pés de tamanho e eram mais aperfeiçoadas, pois faziam parte de todo um ritual de confecção e só podiam ser utilizadas pela realeza.
As pranchas menores ou alaia, pranchas mal acabadas, desprezadas pelos chefes, eram destinadas aos nativos ou súbitos que estavam mais próximos da família real. O restante da tribo tinha restrições para a sua prática. Já naquela época os aborígenes pertencentes à família real realizavam competições, lutas mortais e outros combates por causa do surf. Praticar o surf era proveito dos mais nobres e destemidos (Farias, 1995).
Até o início do século, a maioria dos havaianos praticava o surf como actividade de lazer. Este hábito passou a ser encarado de outra forma quando o então campeão olímpico de natação, o havaiano Duke Kahanamoku, começou a divulgar o desporto em outros países por onde passava, quando exercia sua função.
Em muitos países o surf começou a ser praticado regularmente, e por volta dos anos 20 começaram a aparecer os primeiros campeonatos na Califórnia (Rosa, 1996). Bob Simons criou a primeira prancha de fibra em 1949. Em meados de 1950, as pranchas passaram a ser comercializadas e na década de 60 o surf tornou-se competitivo e profissionalizante. A partir daí a evolução das fábricas de pranchas, roupas e outros equipamentos destinados ao surf foram constantes. Em 1975, o surf era reconhecido mundialmente como um desporto ligado directamente à natureza, ganhando assim um número considerável de praticantes em vários locais onde as condições do mar eram propícias. Foi criada então uma entidade a fim de desenvolver o surf profissional - a IPS (International Profissional Surfers), realizando campeonatos pelos principais pontos de prática de surf. Actualmente quem organiza e realiza o circuito mundial de surf é a ASP (Association of Surfing Professionals).

Este desporto que atrai milhares de adeptos todo ano, já conta com vários serviços especializados, como as condições do surf, transmitidas pelas rádios diariamente.
Os shapers (fabricantes de prancha) de hoje também utilizam o computador para aperfeiçoar o seu trabalho e dar um melhor acabamento no shape das pranchas. Além disso, um novo hábito actual é conferir os dados das condições de surf via Internet, onde, através de um mapa, o surfista fica a saber a direcção e o tamanho das ondas em qualquer lugar do mundo.

 

Bodyboard

O Bodyboard é um desporto bem antigo. Alguns desenhos e relatos do século XV mostram que na Polinésia já se surfava deitado. Nessa época, apenas os reis podiam surfar em pé e o povo só podia se divertir surfando de peito.

Em 1971, Tom Morey foi consagrado o criador do Bodyboard moderno no Havaí, graças à sua invenção: a prancha Morey Boogie. A construção dessa prancha foi de extrema importância para o desenvolvimento do Bobydoard e até hoje é comum o desporto ser conhecido como morey boogie.

Durante muito tempo, Tom Morey tentou imaginar uma prancha que pudesse ser surfada de uma maneira diferente da habitual. Depois de ter introduzido várias inovações em pranchas de surf, tentou inovar com um bloco de polietileno e desenhou algo totalmente diferente: a primeira prancha de Bodyboard.

Os modelos começaram a ser vendidos e, em pouco tempo, o Bodyboard conquistou os surfistas e foi ganhando novos adeptos.


Surf

As manobras mais conhecidas entre os surfistas são:

Cut back - esta manobra, bastante executada pelos surfistas, é um corte de 180 graus na onda quando ela começa a perder a qualidade. Quando os surfistas retornam à parte mais crítica da onda, ela já começa a se formar novamente. O cut back pode ser tanto de front side como de back side.

Front side - é quando o surfista está de frente para a onda e back side é quando ele está de costas para onda.

Aerial - é quando o surfista voa sobre a crista da onda. Dá um voo com a prancha e cai novamente na parede da onda.

Tubo - manobra em que o surfista é encoberto pela parede da onda.

 

Bodyboard

São inúmeras as manobras que se podem fazer com uma prancha de Bodyboard. De seguida estão descritas algumas delas, que são apenas as mais frequentes.

 

Take off - Primeiro impulso dado para apanhar a onda. É no take off que se começa a definir a trajectória a seguir: esquerda ou direita.


Drop - Imediatamente a seguir ao take off, consiste em descer a onda.
Bottom turn - Curva que se faz na base da onda, a seguir ao drop e que antecede a realização das manobras de grau de dificuldade média e grande.

Cut back - Alteração da trajectória do drop no sentido inverso, com vista a alcançar novamente a zona de força da onda.

360º - Rotação do corpo segundo um eixo vertical no sentido da parede da onda (grau de dificuldade média).

360º Invertido - Rotação do corpo segundo um eixo vertical no sentido da base da onda (grau de dificuldade média).

360º Aéreo - manobra aérea, bater contra a crista da onda e girar 360 graus, num eixo horizontal, ainda no ar, voltando a aterrar em alguma parte da onda (quando feito no sentido contrário ao corte da onda é chamado 360 aéreo invertido

El-rollo - Rotação do corpo segundo um eixo horizontal no sentido do topo da onda (grau de dificuldade média).

Invert - Bater no lip na altura certa, nem muito cedo (porque senão não descolas) nem muito tarde (porque senão o lip abafa-te);
Se já estás no ar, podes inverter um pouco a prancha de forma a aumentar o nível da manobra. Aqui entra o "jogo de ancas";
Os teus olhos devem estar sempre fixados no ponto de aterragem. Isto é fundamental, mesmo quando estás a voar.
Ao iniciares a descida, mantém os olhos no ponto de aterragem, e coloca a
prancha debaixo de ti. Lembra-te que tudo depende do tipo de aéreo que optas por fazer, mas vais sempre voltar a entrar na onda... ou mais à frente ou mais para o lado.

A.R.S. - Rotação do corpo segundo dois eixos: horizontal e vertical, com todo o movimento a ser feito fora de água. El rollo seguido de 360º no ar. (grau de dificuldade elevada).

Back flip - Manobra aérea que consiste na realização de um mortal para trás (grau de dificuldade elevada).

Drop knee – Modo de deslizar na onda, com um pé assente na parte da frente da prancha e o joelho da outra perna na parte de trás.

Tubo- ficar, durante alguns instantes, totalmente encoberto pela onda, no espaço formado pela parede da onda e a projecção de sua crista.


Segurança

 

Aprender a observar o mar...


Regras de Segurança fora de água:
- Recolher informações sobre a praia onde vais surfar (correntes, marés, rochas, ventos);
- Verificar o material antes de entrar na água (verificar sempre se o shop está bem posto);
- Faz sempre um aquecimento, antes de entrares na água, para evitar possíveis lesões;

Regras Principais de Segurança dentro de água:
Se és principiantes faz sempre bodyboard em praias vigiadas. Mesmo os nadadores salvadores não te dizendo nada eles vão estar ali para te ajudar no caso de precisares.

- Nunca mergulhar de cabeça;


- Proteger sempre a cabeça com os braços quando caíres da prancha;
 

- Nunca remes contra a corrente, mas sim perpendicular a ela;
 

- Nunca permitas que a tua prancha fique paralela às ondas que chegam, deve-se tê-la sempre apontada directamente contra ou a favor das ondas;
 

- Começa em praias de fundo de areia;
 

- Para começar deves ficar na zona de rebentação a apanhar espumas;
 

- Não vás para a água durante a digestão. Pode-te parar a digestão ou podes não conseguir controlar-te o que é muito mau pois podes correr grande perigo;
 

- Não entres para a água a não ser que tenhas a certeza que tão condições para tu entrares. Tens de saber os teus limites e não arriscar em vão. Mesmo estando a puxar por ti para entrares e se vires que não consegues não entres pois podes não aguentar. Mais vale não arriscar naquele dia, e surfar muitos outros, do que armares-te em “herói” e ser a tua ultima surfada;
 

- Antes de entrares vai para a praia e fica a olhar para o mar durante uns 10 minutos. Isso vai-te servir não só para ganhares pica para entrar mas também para perceberes o tamanho do mar, de quanto em quanto tempo vem os sets, onde e o melhor local para entrar, as correntes que estão, o vento. Tens de te aperceber de todas as condições para usufruíres da surfada ao máximo;
 

- Não te ponhas na onda de ninguém que já vá na onda (drop in). Podes não só aleijar-te seriamente se tiveres o azar de levares com uma prancha de surf ou aterrarem uma manobra em cima de ti como podes também ter o azar da outra pessoa se virar a ti por lhe teres entrado na onda. Respeita sempre as outras pessoas que estão contigo a surfar e serás respeitado;
 

- Tem sempre cuidado e mantém te sempre com atenção aos outros surfistas. Principalmente a malta de surf e de longboard pois são os que têm as tábuas "melhores" para te aleijar. Toma sempre atenção aos outros quando estás dentro de água especialmente quando estas a passar a rebentação. Na zona de impacto podem vir pranchas na tua direcção (que podem ferir-te seriamente). Quando isso acontecer mergulha o mais fundo possível com a tua tábua (duck dive) ou então usa a tua tábua para te proteger. Antes à tábua do que a ti;
 

- Não entres em pânico. Mesmo quando vêm sets “vassoura” que levam tudo a frente ou quando levas com um caldo mais violento em cima, não entres em pânico pois o mar leva-te para onde ele quer e não convém fazer-lhe frente, pois vais perder! Ao estares a tentar reagir contra Ele vais estar a gastar energia muito preciosa, que vais precisar dela para vir ao de cima e respirar normalmente;
 

- Se não consegues passar a rebentação a remar, então é porque não devias lá estar!


Oração surf

Mar nosso que estais na terra
santificadas sejam vossas ondas,
seja feito nosso swell,
assim no verão como no inverno,
o surf de cada dia nos dai hoje,
perdoais nossas vacas,
assim como nós perdoamos a quem nos rabeia,
e não nos deixai cair na tubulação,
mas livrai-nos do crowd...